AS ENERGIAS SAGRADAS
Sagrado Feminino - Liberdade de Criação Sagrado Masculino - Poder de Agir
Curar estas energias pode significar, simplesmente, voltar a agir e a criar assertivamente a partir da Essência, livre dos condicionamentos dos sistemas de crenças. Podemos encontrar imensas descrições sobre as características das energias na internet. Quase todas resumem a EF como ondulante, criativa e diversificada, já a EM é tida como rectilínea, objectiva e concentrada. Na sua essência, nem uma nem outra se relacionam directamente com questões de género ou de orientação sexual. Há homens com proporção maior de EF e mulheres com proporção maior de EM. Ao contrário do que se poderá pensar, estas proporções reflectem-se não na sexualidade, mas sim na percepção e no modo como ambas as energias, espelhando-se mutuamente, interagem com o Mundo. Naturalmente, uma mulher “mais masculina” terá tendência a ser mais objectiva, enquanto um homem “mais feminino” será tendencialmente mais criativo. De acordo com o livre arbítrio, escolhas e interesses, são assim criados os percursos de homens com muita EM e de mulheres com muita EF.
Eu sinto que, maioritariamente, a predominância de uma energia contrária ao género não significa que o individuo está desiquilibrado. A energia revela-se antes como um tipo de formatação que serve o cumprimento de um determinado propósito. Um exemplo claro disto poderá ser o de Joana D’Arc, que, pelo modo obstinado como se focava no que sentia ser a sua Missão, assumiu posições caracteristicamente masculinas, podendo assim Realizar-se. Para algo existir, ambas as energias são necessárias. A EM cria movimento e a EF mostra as infinitas direcções. A EM escapa do centro em vector, criando uma linha de existência, enquanto a EF mostra que uma acção pode ter início num só ponto mas assumir diversos pontos de chegada, criando um círculo, um espaço de existência múltipla. Para algo existir harmoniosamente, é absolutamente necessário que ambas as energias estejam activas, equilibradas em si e em coerência entre si. Isto é válido em todos os níveis, no macrocosmos e no microcosmos.
A Consciência do Que Somos foi perdida algures no nosso percurso, todos fecharam a sua Visão interior consciente para começar a dar mais importância às acções exteriores. Presentemente, movemo-nos no sentido contrário, estamos a expandir as nossas percepções de modo a atingirmos o que Realmente Somos: Infinitas potencialidades.
O modelo de sociedade ocidental em que vivemos castra a criatividade, o poder, a diversidade, a acção, a abundância e a existência, acabando por excluir o nosso lado interior, o invisível. Na verdade, as crianças já não criam nem brincam. Consumem antes produtos (jogos, televisão, animação, etc.) onde a própria imaginação não tem espaço, cingem-se apenas à interacção com possibilidades impostas, numa criação condicionada. O Brilho interno do novo, da questão “o que poderei ser mais?”, vai dando lugar a um semblante carecido de emoção e de Vida. Sem que alguém o consiga explicar, e à medida que nos vamos apercebendo do difícil acesso a tudo o que queremos, a Coragem vai dando lugar à débil passividade.
O sistema de ensino padroniza as personalidades e as capacidades, suprimindo as diferenças e o vanguardismo, o que faz com que a EF não possa criar livremente. Como não são permitidos resultados aleatórios, todos têm de reflectir apenas sobre o que é já conhecido, a aprendizagem é feita de acordo com normas e formatações onde não existe o espaço para a diferença que naturalmente existe e fluí na imaginação. Nos espaços padronizados é natural a existência de preconceitos. Pensar, vestir, alimentar-se de um modo diferente, etc, não é tido em conta como algo positivo, o que comprime e desnutre a criatividade, independentemente do género. A EF vai ficando contida, desvanecendo para dar lugar a uma postura mais masculina. Naturalmente, o individuo sente-se desconfortável, mas, sem a visão que lhe permite observar a realidade em torno de si, acaba por não colocar as questões necessárias para criar alternativas, perpetua os rituais e os paradigmas aprendidos, sem poder expressar o Universo que É, num percurso rectilineo. Perde o interesse em expandir-se, em criar, aceita o que existe e limita-se a ter “sonhos cor-de-rosa”. Normalmente, tudo isto conduz a uma explosão. A EM, para ocupar o espaço da contracção da EF, vê-se obrigada a expandir-se, o que é algo contrário à sua natureza, entrando assim num desequilíbrio e manifesta nesse vazio, o seu lado sombra: a cobardia. Para a EF se expandir, tem de ser ousada em si mesma, tem de agir na medida da Coragem. Em geral, no reino animal, os machos não atacam as fêmeas, não por uma questão de respeito, mas sim, porque sabem que o seu instinto maternal as transforma em guerreiras ferozes.
Cada vez mais estamos a ser chamados para manifestar Quem Somos e para impressionar o Universo com a nossa Cor, para recuperar o nosso Som Pessoal, a nossa Expressão e o nosso Potencial. Somos chamados para sair do formatado e mostrar novas formas. A EF, quando se expressa totalmente, é Bela: Múltipla, Harmoniosa e Colorida.
A EM não tem como agir poderosamente. A nossa sociedade inibe a acção livre, com base nas necessidades intrínsecas ao individuo. As acções movem-se sempre nos limites das leis e das convenções sociais. Os sinais vermelhos são um excelente exemplo do movimento contrário à criação, já que o fluxo de comunicação é continuamente interrompido. (Numa cidade de um país nórdico, os semáforos foram substituídos por rotundas, o que aumentou a rapidez dos percursos e a diminuição do índice de acidentes.) A decisão para seguir em frente não é autónoma não permitindo que o potencial total se manifeste. A decisão é sempre delegada em poderes fora do individuo, o próprio poder de acção é-lhe retirado. Há sempre um receio subliminar de o superior hierárquico (seja numa Familia, numa Profissão, num Sistema, num Relacionamento) não validar as acções, que vão ficando do tamanho daquilo que lhes é permitido. Parte do Ser é assim excluído em prole da satisfação de desejos definidos por normas exteriores que podem estar em dissonância, e até mesmo lesar a sua interioridade. A supervalorização de ídolos e super-heróis dá-se pela necessidade de cada um se mimetizar a algo poderoso, dado que o Ser Total está continuamente em falta.
O enfraquecimento da EM cria alheamento, o lado sombra da EF. A expansão da EM promove a exacerbação dos rituais do quotidiano (rotinas) e um alheamento que resulta numa rigidez contrária ao fluxo natural da mudança, o que, normalmente, origina uma implosão. A proporção de viciados a algo, é muito maior nos homens do que nas mulheres. Temos que ter espaço para existir, para escolher, para decidir, para Ser! Ao longo dos tempos a expressão do Ser foi reprimida, mas, neste momento, estamos a recordar que podemos TUDO, absolutamente TUDO!!! Haja Vontade e Intenção! A EM quando se expressa totalmente é Poderosa: Activa, Sólida e Potente.