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O Mestre

No cimo da colina, o Mestre contemplava os campos que mostravam todos os tons de verde.

Os edifícios translúcidos que emergiam do tapete pulsavam com diferentes irradiações e sentiao que estava para além da visão. Um brilho que se entreouvia, irradiava de tudo.

O momento era aquele. Suspendeu o tempo e tocou a sua Taça. Todo o vale ressoou.

E o que se ouvia não saia da Taça mas era como se o Som estivesse latente em tudo e a Taça o tivesse activado. Como se houvesse um chamado de dentro das coisas e elas soltavam asua vibração.

E o Silêncio expandiu-se, ficando ainda mais amplo e harmonioso.

O Mestre percebeu que a sua dádiva estava cumprida e sabia que fora a última vez que tocava a Taça.

Estava incomensuravelmente feliz. Uma vida longa dedicada ao equilíbrio e bem-estar de todos os Seres.

Também estava muito grato pelo contributo da Taça. Apesar de ter imantado outros exemplares, esta era a sua obra-prima.

Materializou-a nas Celebrações do Ser, cerca de 150 anos antes. Um período em que a atmosfera estava mais permeável e uma poeira cósmica foi pulverizada pelos céus e caiu na terra. Partículas diversas com belas cores, brilhos e vibrações.

Sentiu cada grão, aferindo se era benéfico para o Bem Maior ele fazer parte da sua nova Taça. Suspendeu-os no ar, juntou sílica e, com o poder da Vontade; fundiu-os de acordo coma sua Beleza.

Um novo Ser mostrou-se. A parte de dentro soltava um tom azul iridescente e o exterior um verde intenso com tons de rubi.

E o Silêncio que irradiava!

As suas outras criações foram sempre muito apreciadas em todas as Terras mas esta, era a síntese de todos os seus sentires, todo o contacto multidimensional e toda a sua experiência ao serviço do Silêncio.

Haviam silêncios bonitos ou vastos ou elevadores mas o espaço harmonioso que esta Taça impunha, era algo de extraordinário!

Logo jovem, e quando foi permitido aceder a algumas das suas experiências encarnatórias, relembrou-se da sua decisão de que esta seria a terceira em que estaria ao serviço do Silêncio.

Agradecido por poder continuar nesta área sublime, focou ainda mais os seus estudos.

Meditou muito para aceder à Sabedoria recolhida, para poder preparar-se melhor para o mister, pois queria ser um cidadão cósmico dignificador.

A primeira tinha sido ligada a KHEM. Nessa consciência, o Som era fascinante: as diferentes leis para combinar frequências, o efeito das vibrações nas partículas,como o Som se propaga nas diferentes dimensões,...

Conjugar diferentes geometrias e vê-las a fundirem-se numa dança rodopiante: as cores e as formas mesclam-se, e dão origem a novas existências. Uau! Haveria algomais inebriante? Na vivência seguinte, realizou que sim.

Tecer um éter em que as tinturas luminescentes fossem ricas em diversidade mas contínuas cromaticamente; era sublime e arquetípico mas também, era algo que só persistia fugazmente.

Banhar-se num Silêncio harmonioso era adorador. E esteve toda a sua experiência física, a expandir estes instantes de pura harmonia.

A deslocação consciente em corpos subtis a outras partes da Realidade, era o que mais apreciava.

Desde petiz, gostava de se deitar, sincronizar os hemisférios cerebrais e controlara cadência das ondas cerebrais. Facilmente descolava do corpo físico, e voava pelas dimensões com o poder da Vontade.

Também rejubilava em se mimetizar e aprendeu a fundir-se com as partículas, como que entrasse na matéria; era como se vivesse os outros Seres em si mesmo. Viver outras existências, mas com a sua visão actual. Ser uma árvore, ser um seixo, ver como um gato, ser uma gota numa nuvem, ser Fogo Logóico, visitar outras galáxias; era tão fascinante.

Vivenciar a coloração pulsante do éter. Os diferentes fios coloridos que se entrelaçam, criando mantos vibrantes e multicoloridos. Encantador.

Saber ler o éter é uma mestria que nem todos se sentem motivados a aprofundar. Experienciar a sua linguagem, a forma como a informação é interpartilhada, como tudo estáacedível em todos os pontos e de uma forma imediata...

Percorrendo os registos akáshicos, pareceu-lhe que tinham sido éons a cuidar de Silêncios.

Reviveu o último dia em comunidade: ainda não tinha chegado ao primeiro século quando teve um sonho em que se viu nas suas vestes habituais a ultrapassar os limite da comunidade. Ao acordar, soube qual era o significado e começou a preparar-se. Este momento era o culminar do seu empenho nas áreas da geometria, harmonia e manipulação atômica. E a sua grande amplitude no Silêncio.

Havia um misto de alegria, fazer cumprir e a incerteza sobre gostar de ser viandante. Querer ir mas não querer sair.

Sentiu que todos já sabiam da sua nova missão: onde fosse, iria afagar o Silêncio. Muitos se juntaram, para que eu levasse a sua bênção. Agradecido e com o coração arrebatado, caminhei para o meu futuro.

Do ponto de onde estava, dava para ver a porta por onde tinha saído, há tantas experiências anteriores.

- Bela encarnação esta! - foi o seu último movimento pois sabia o que tinha ido ali fazer.

E numa brisa rosa com um dourado-branco muito intenso, soltou-se do físico e ascendeu.


Imagem de Renee Brodie


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